Infantrilhos

Somos um grupo de amigos residentes no Infantado, concelho de Loures, unidos pela vontade e pela paixão da prática do BTT, desde 1996, em busca de momentos intensos de aventura, convívio e descoberta do melhor que a natureza nos tem para oferecer.

sábado, maio 26, 2007

Serra de Montejunto - Na Rota do Moinho

19 de Maio de 2007
A Crónica
A “coisa” prevista era demolidora. Estava com ideias de conduzir o companheiro Isidoro aos “muros” de Bolores (pelo Bocal) e das Sardinhas (por Chamutos), para experimentarmos as agruras das inclinações de trintena…
Contudo, já no Nanni e enquanto íamos conversando com o Fantasma que se preparava para ir subir as escadinhas de Mafra no dia seguinte, aparece o Pedro Marques com um programa original e irrecusável… Atacar o Alto de Montejunto!
Nem foi preciso propor duas vezes, pois eu e o Isidoro metemo-nos logo em “bolandas” para organizar a logística. Para completar aparece também um quarto mosqueteiro, artilhado da âncora… ‘Tão a ver?!... Pois. Esse mesmo!

Seguimos de viatura até à Ereira de onde partimos à conquista da Igreja de Nª Srª Das Neves, acima dos 650 mts.
Partindo dos 323 mts de altitude, onde faz um frio húmido e um espesso nevoeiro, vamos descendo lentamente de cota até Vila Verde dos Francos. Claro ficou que, no final da volta, havia de existir “gasolina” para ascender à cota de partida…
Em Vila Verde subimos um morro onde estão erigidos alguns moinhos (infelizmente, num estado lastimoso…) e vamos apreciando a paisagem que se vai abrindo por entre o nevoeiro, que a baixa altitude é pouco cerrado. Depois dirigimo-nos ao Convento da Visitação, onde os meus veteranos companheiros (todos “matreiros” quarentões!!) mandam umas graçolas acerca de freiras. Como castigo “divino” surge uma “parede” tremenda que nos obriga a parar com as piadolas…
Após tornearmos alguns moinhos interceptamos a (magnífica) estrada proveniente do Avenal. O Isidoro fica impressionado com a visão das últimas rampas e com a minha descrição do tormento que é transpô-las… Contudo, fiquei com a ideia de que, mais tarde ou mais cedo, vai querer acompanhar-me de “estradeira” e experimentar as agruras desta rampa demolidora, quanto a mim sem igual no distrito de Lisboa (talvez até em toda a Estremadura…).
Sempre por alcatrão e em direcção ao cume, o Álvaro passa um mau bocado e cospe umas cenas “efervescentes” que deixariam desconfiado o mais distraído colaborador do CNAD… Mas, lá se recompôs e a “coisa” continuou.
Ao passarmos a placa indicadora do Concelho do Cadaval metemos de novo por trilho. O Isidoro, bem ao seu estilo, não deixou os seus reconhecidos créditos por pedais alheios e apregoando “É por aqui! Eu conheço!” leva-nos para um caminho de cabras manhoso cheio de pedras, onde se anda mais do que se pedala. O Pedro, já meio “passado” devido á “longa” caminhada, inverte o sentido e, acompanhado por mim e pelo Álvaro, retorna ao asfalto. O Isidoro continua pelo monte … a solo!!
Novamente no alcatrão, lá vamos os 3 subindo até à Igreja de Nª Srª das Neves, onde encontramos um Isidoro impaciente, garantindo que já por ali anda há mais de 20 minutos!
Depois, descemos ao quartel e enfiamos trilho abaixo em direcção a Abrigada, guiados pelo GPS do Pedro. Mas… subitamente o trilho fica “fechado” e temos de continuar, meio a pé meio a pedalar, por um caminho pedestre que leva ao sopé desta vertente. (O Pedro mandou aqui uma queda, mas não vou redigir nada sobre isso para não o atormentar caso venha aqui ler estes rabiscos…)
Chegados à Casa do Guarda Florestal (Abrigada) viramos a estibordo. O estradão onde pedalamos tem alguns “repechos” duros até alcançarmos o Abrigo de Cabanas de Torres, após o qual descemos à povoação onde paramos no café, por súplica do Álvaro…
De novo montados, vamos subindo umas crista calcária onde existem muitos moinhos estando um deles em excelente estado de conservação e … a funcionar!! Somos muito bem recebidos pelos “moleiros” lá do burgo, que nos guiam numa visita ao interior do moinho, explicando-nos todos os pormenores. Eu, como “adorador” de moinhos e azenhas, nunca me canso de ouvir as explicações de quem sabe da “poda”, enriquecendo a minha cultura sobre o património e os costumes dos nossos antepassados.
Depois, chegamos a Vila Verde dos Francos, oriundos de umas veredas com vinhas onde quase mandava um mergulho num ribeiro. Não aconteceu o mergulho, para desgosto dos meus companheiros (o Isidoro então, já preparava a gargalhada vingativa do "Momento do Duatlo"…), mas, para o evitar, fiz uma entorse no joelho esquerdo (o que tem lesões ligamentares).
Após o povoado e em direcção ao “tormento” final, vamos andando às “apalpadelas”, de engano em engano, até conseguirmos dar com o trilho correcto que nos leva à Ereira. Aqui, o Pedro ainda conseguiu atolar o “barco” numa piscina abastecida à base de resíduos de pocilga… Buuuhhhh…. Mantém-te ao longe…
Para acabar em grande, uma farta jantarada de “tiras da Póvoa” que caíram que nem ginjas… Assim, vale mesmo a pena ir pedalar!!

Os 4 Mosqueteiros na Serra de Montejunto: Porthos, o que leva “tudo” à frente (Isidoro Silva); Athos, o guia destemido (Pedro Marques); Aramis, o das piadas e graçolas (Álvaro Vieira); D’Arttagnan, o trintão irreverente (Gonçalo Pinto).
Mais um passeio muito interessante e enriquecido no aspecto cultural. A minha homenagem aos 3 quarentões que me fizeram companhia pela sua boa disposição, camaradagem e jovialidade. Que venham (muitos) mais giros como este.

Dados: 50 Kms; 11,4 Kms/Hr de velocidade média; 1.500 mts de ascensão acumulada; 652 mts de altitude máxima.
- Redigido por Gonçalo Pinto

Duatlo da Valada

13 de Maio de 2007
O grupo de participantes que se juntou na Manjoeira disposto a fazer o Duatlo organizado pelo Isidoro era surpreendentemente numeroso, tendo em conta as dificuldades que se previam…
70 Kms de trilhos acidentados seguidos de 10 Kms de canoagem e terminando com 60 Kms de pedal no asfalto, na verdade, são dados que fariam pensar duas vezes qualquer um…
Parte I: Manjoeira - Azambuja (praia fluvial)

No entanto, um grupo numeroso de 17 corajosos dispôs-se a “tratamento de choque”, arrancando logo pela manhãzinha em direcção à primeira dificuldade do dia (Monte Serves).
Quase sempre por trilho, passou-se por Pintéus e desceu-se o trilho que vai desembocar no Restaurante “Os Pneus”. Passou-se o Trancão e lá fomos nós, em amena cavaqueira, metendo metros lentamente… Após o Zambujal e em subida constante, ninguém parecia querer dar ar de fraquinho e o ritmo era razoável. Tive de me afastar do Paulo (o “graçolas” de Almada), pois indo a ouvi-lo, ou se sobe … ou se ri!! As duas coisas são completamente incompatíveis!! O gajo é mesmo um “prato” com uma constante boa disposição! E o Álvaro também ajuda muito à festa!
Na fase mais inclinada da ascensão o Álvaro (!), qual puro trepador, foi imprimindo um ritmo durinho que estilhaçou o grupo pela primeira vez! Parece andar com saudades de “sangue”…
Após o Cabeço da Rosa deu-se o reagrupamento e abastecimento na carrinha de apoio iniciando-se de imediato nova dificuldade (subida a Lameiro das Antas). Por trilhos originais, certamente da autoria dos 2 mais veteranos “lobos” da matilha (Isidoro e Evaristo) somaram-se algumas “paredes” por encostas vinhateiras, onde os elementos com menos técnica sentiram algumas dificuldades. Foi uma das primeiras vezes que me senti um tecnicista em cima da “burra”, tal era o “jeitinho” da concorrência!
Chegados a Arranhó, novo momento de pândega. Alguns companheiros demoraram mais tempo a chegar e quando nos preparávamos para arrancar eis que chega o Paulo: “Vão já embora?! Devem ‘tar a reinar comigo!! Passem-me é uma laranja!”. E quando alguém (Evaristo) insinuou que o gajo era muito fraquinho e estava a atrasar a malta, o brincalhão não se conteve e mandou a seguinte: “Se tivesses um hemorroidal como o meu estavas calado!! Isto até parece um limão!!”.
Ri-me à brava desta resposta. Este camarada é um verdadeiro espectáculo!
E lá se prosseguiu até Lameiro das Antas seguindo-se a longa e perigosa descida para Arruda dos Vinhos, onde houve uma divisão do grupo: os “cordeirinhos” seguiram por estrada directamente para Azambuja; ao invés, os “abutres”, ao farejarem o “SANGUE” que se adivinhava nas encostas escarpadas que se vislumbravam no horizonte, rumaram por trilho a uma aldeia com uma designação sugestiva… SERRA!!
Na rampa que precedia a aldeola, uns “venenosos” (Evaristo, Ricardo, Biker) fugiram, deixando o Isidoro “piurso” por ter ficado com os entravados! Lá se ia queixando que assim não valia e tal…
Em algumas descidas os 2 rapazes de verde e o Henrique mostravam as suas acrobacias enquanto os mais “ajuizados” iam tentando equilibrar-se e dar-lhes passagem.
Depressa se chegou a Alenquer, onde nos despedimos do Sousa e do Pirata que retornaram a Loures. O primeiro lá tinha de ir para o ofício; o segundo, depois de se ter fartado de me “picar”, lá deu a mão à palmatória. Desta vez não te pude dar troco (nem sabes o quanto me custou…), ou iria retornar à Manjoeira de corda ao pescoço, se é que me entendes… Mas, no próximo passeio, não perdoo!! Vais "espirrar sangue"… Vai-te preparando…
De “talega”, deixámos para trás Alenquer e logo nos primeiros quilómetros aconteceu o momento do Duatlo! O Isidoro, qual “tractor”, ao tentar passar um ribeiro a alta velocidade atascou numa poça que mais não era que um buracão transbordante de lodo!! O gajo ainda tentou sair depressa para fugir rapidamente aos olhares “trocistas” que já eram acompanhados por valentes gargalhadas, mas parecia colado à imundice chafurdando lama por tudo quanto era sítio!! O Evaristo fartou-se de reinar, pois há 15 dias tinham passado por ali e aquilo não tinha buraco algum.
Lá continuámos até Azambuja onde houve algumas picardias entre mim e o Ricardo (está muito enfezado…), nas últimas rampas.
Já no final e a rolar a mais de 30 contra o vento, o sprint a finalizar a primeira parte desta etapa consagrou o Evaristo, seguindo-se o Ricardo e o Álvaro (que afirmou ter sido surpreendido, pois pensava que ainda faltavam alguns quilómetros para o final).


Canoagem: Azambuja (praia fluvial) - Valada

Após o “almoço” montámos nas canoas e lá fomos "marinando"até Valada. O meu companheiro do remo (Abílio) também era um iniciado no assunto, pelo que depressa o nosso objectivo passou a resumir-se a ir apreciando as paisagens e a tentar … não acartar a âncora!! Quem parece ter delirado nessa façanha foram o Biker e o Nélson que dificilmente conseguiriam remar mais devagarinho…
Não sei como andaram os “ruins” lá na frente, mas ao que parece ainda houve picardia entre os duos Evaristo-Ricardo; Álvaro-Henrique; Isidoro (que ia a solo).
Parte II: Valada - Manjoeira

Na Valada, o Henrique agarrou-se à cruz para não mais a largar, metendo-se na carrinha de apoio. Diria eu que foi o primeiro crucificado do dia!
Iniciámos o retorno por asfalto e a uma velocidade de cruzeiro de 20/25 Kms/hr que, tendo em conta a forte ventania frontal, nem era muito mau. Quem não estava pelos ajustes era o Ricardo que, espicaçado pelo Isidoro, imprimiu um ritmo acima dos 35 que desfez por completo o pelotão! Na frente destacaram-se seis resistentes (Ricardo, Isidoro, Evaristo, Biker, Pinto, Álvaro), enquanto para trás ficaram todos os outros a ritmo “vegetal”.
Na Azambuja novo reagrupamento com o Ricardo a mostrar a consciência pesada (pois…). Depois os “maus” deixaram-se de piedades e não esperaram por mais ninguém! No grupo dos retardatários, lá fomos fazendo pela vida. Passaram-se Vila Nova da Raínha, Castanheira do Ribatejo, Vila Franca de Xira, Alhandra… Aqui, o Álvaro já ia “morto”! Eu, lá o ia “acompanhando”, vendo-o a arrastar penosamente a sua famosa âncora (ela não te larga, rapaz…)! Já à saída de Alhandra aguardava-nos a carrinha. Avisei-o de tal, mas o “cadáver” que me seguia não esboçou o mais pequeno assomo de felicidade… Mais um que acabou crucificado na carrinha vassoura!
Até Vialonga rolou-se em grupo compacto.
Na aproximação ao Tojal as “feras” começaram a posicionar-se… O Isidoro saltou do grupo para tentar uma chegada isolado, mas caçámo-lo no início da subida para a Manjoeira. O Evaristo “encostou” ficando a carnificina entregue a quatro (Isidoro, Biker, Pinto, Ricardo). Antes que o último começasse com ideias dei uma sacudidela… O gajo abriu e eu … não me fiz rogado! Vai disto até lá cima. Fiquei admirado de ainda ter forças para imprimir um ritmo "forte" e não ser visitado pelas minhas “amigas”! Depois chegou o Biker com muito bom aspecto!! O restante pessoal foi chegando a conta-gotas. O Ricardo e o Isidoro ainda vieram com a ladaínha do costume … que não era por ali … que era por outro sítio … peka-peka … peka-peka … Bom... ´Tão a ver? O costume!!
Para acabar em beleza lá fomos petiscar num cafezinho lá da vizinhança, onde o grande Álvaro não dispensa um lugar na vanguarda do pelotão!
Que grande Duatlo, amigo Isidoro!! Excelentes momentos de lazer e convívio!!

Neste Duatlo participaram:
Isidoro (o organizador), Evaristo (o estoiro do costume…), Ricardo (faltaram-lhe as pilhas no final?...), Biker (um deja-vu do passeio da Manjoeira! Regressado em grande!), Pinto (não acabou de corda ao pescoço, mas não estraçalhou o Pirata…), Álvaro (em grande até ao estoiro final! Fiquei a saber que um “cadáver” também consegue pedalar!), Henrique (não queiras a cruz só para ti! Partilha!), Pirata (vais pagá-las…), Sousa (fugiu…), Paulo (o do hemorroidal) e mais uma catre fada de entravados.

Dados:
Manjoeira - Azambuja (praia fluvial): 68,760 Kms; 15,89 Kms/Hr; 1.283 mts de ascensão acumulada.
Azambuja (praia fluvial) - Valada: 10 Kms
Valada - Manjoeira: 57,290 Kms; 20,43 Kms/Hr; 216 mts de ascensão acumulada.
- Redigido por Gonçalo Pinto